Estratégias de employer branding e employee experience ganharam relevância nos últimos anos como formas eficientes para provocar uma percepção positiva e preservar a reputação da marca empregadora. Enquanto a primeira se ocupa em fazer com que a organização seja vista como um ambiente no qual as pessoas desejam trabalhar, gerando atração de talentos, a segunda faz a gestão da experiência do profissional enquanto membro dessa comunidade. Ambas são importantes para, entre outros benefícios, gerar retenção. As ações dos profissionais que atuam nessas áreas foram sendo refinadas e são criativamente elaboradas para encantar e provocar o desejo espontâneo de compartilhar nas redes sociais, as boas práticas de seleção de talentos, onboarding, celebração de conquistas e datas significativas, cuidados diários com o bem-estar dos profissionais entre outros.
Seria pertinente, incluir nestas ações, a forma como o colaborador é desligado. Quanto mais cuidadosa e respeitosa, maior a chance de a empresa manter a boa reputação de sua marca empregadora. Mas nem sempre é assim que ocorre.
Como profissional de RH, analisei vários programas de desenvolvimento de lideres e com raríssimas exceções, orientações específicas sobre a forma mais adequada de realizar um desligamento, constava no rol de temas a serem abordados. Assim como na vida, nos agrada falar do nascimento de uma relação, mas evitamos falar do dia em que ela se finda. Com a experiência do colaborador ocorre algo semelhante, é bem mais empolgante e intuitivo planejar ações para encantar alguém na chegada do que na saída. Porém, o momento do desligamento, mesmo que voluntário, é sempre carregado de emoção e por isso geralmente é mais marcante. Envolve a ruptura com o cotidiano conhecido e dominado, com as relações de parceria, com o sentir-se participante de um grupo, com a sensação de lugar conquistado, entre outras. É difícil para quem sai e às vezes também para quem fica, por isso, vejo como uma ocasião importantíssima e oportuna para cuidar com carinho da imagem da empresa.
Sobre o cuidado, não me refiro apenas a programas que suportem a recolocação ou realinhamento de carreira do desligado, pois, embora sejam ótimas estratégias, nem sempre há condições para ofertá-las. Refiro-me às pequenas ações acessíveis a empresas de todos os portes, algumas delas, inclusive, desejos dos desligados com quem conversei, tais como: o cuidado com a data e o local preparado para o comunicado; a forma respeitosa de realizar a convocação para a reunião de desligamento; a escolha adequada das palavras ao fazer o comunicado ao profissional e posteriormente à equipe; o agradecimento pela dedicação, não só de seu gestor, mas do gestor de posição acima ou outra pessoa com quem o profissional teve uma interação significativa; a postura das pessoas na despedida ou qualquer outra atitude que entregue a mensagem: nos importamos.
Quem passou por esta experiência provavelmente concorda que, nesse momento, faz um bem danado saber que alguém se importa! E dali em diante, nosso desejo é retribuir.
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Por: Laísa Weber Prust
Mestre em Psicologia (UFPR); Pós-Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas (FAE); Graduada em Psicologia (UFPR); Consultora Parceira da ZHZ Consultores.