Dia destes, vi em uma rede social, a festa de despedida de uma ex-colega de trabalho na empresa em que atuei por muitos anos. Vi suas fotos com a equipe, demais colegas, denotando muito carinho, abraços, flores e lindas palavras em seu post sobre a homenagem recebida. Pela bela despedida imaginei um novo emprego ou a iniciativa de empreender, decisão muito natural em determinado momento da carreira.
Qual não foi minha surpresa ao conversar com esta colega e tomar ciência de que a saída ocorrera por iniciativa da empresa! Fiquei interessada em entender o processo de desligamento, por evidenciar uma linha de pensamento e boas práticas a qual me instigam e sou adepta – o desligamento humanizado.
Constatei que houve dor, porque a ruptura de um contrato de trabalho é também uma ruptura de laços humanos, sociais e emocionais, porém com ações respeitosas é possível atenuar o sofrimento advindo da dor.
A colega relatou, sem disfarçar a emoção, que a venda da empresa, com a matriz em outra localidade, impactou a muitos funcionários. Mas, ponderou que o gestor teve o cuidado em explicar pessoalmente sobre a reestruturação e a impossibilidade da manutenção do seu cargo. “Tudo foi negociado de forma transparente, com muito respeito e com reconhecimento ao meu trabalho”.
Desabafou, adicionalmente, que sofreu pela notícia da demissão, pois foram mais de duas décadas a serviços da empresa. Um período de grande desenvolvimento, participação em cursos e especializações, além das atividades desafiadoras e gratificantes e da oportunidade de crescimento profissional.
Contou que, com o passar dos dias teve uma maior assimilação da situação, atualizou seu currículo e foi em busca de orientação de carreira. Resultado da forma humanizada em que o líder conduziu o processo. Apesar do natural sentimento de insegurança e vulnerabilidade que as mudanças propiciam, ela se sentiu confiante e esperançosa em ir ao encontro de uma nova oportunidade profissional, em razão da. consciência do seu potencial e propósito, fortalecidos pelo reconhecimento do gestor e equipe. Em seu depoimento demonstrou muito carinho e certo orgulho ao falar da empresa, do líder, equipe e demais colegas e finalizou “um legado, grandes amizades”.
A partir deste relato concluo que o desligamento com o respeito e ética fazem parte do rol de responsabilidades de um líder, e do qual não pode se eximir. Dentre os vários aspectos importantes neste processo destaco:
– Contar com profissionais preparados para conduzir o processo que inclui; agendar uma data favorável, comunicação assertiva sobre o motivo do desligamento, local apropriado para quem irá receber a notícia e ou meio mais adequado em tempos de distanciamento social;
– Ter postura paciente diante do desligado, acolhendo suas dúvidas e assegurando-se da assimilação das informações;
– Reconhecimento genuíno ao ex-funcionário por suas entregas e passagem pela empresa;
Assim, visualizo com otimismo um movimento cada vez mais respeitoso e humano em algumas organizações, com uma atuação adequada e cuidadosa em um momento tão delicado – a interrupção do contrato de trabalho seja por iniciativa ou não da empresa.
As ações alinhadas ao desligamento humanizado contribuem para com o encorajamento e a dignidade dos profissionais que partem, a serenidade para quem fica, e a imagem positiva da organização perante o mercado, condições favoráveis, independente do porte e segmento da empresa.
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Por: Sandra Fusco
Mestre em Gestão da Qualidade e Produtividade (UFSC). Pós-Graduada em Gestão de Recursos Humanos (F.A.E. PR), Psicóloga (Universidade Sagrado Coração-SP). Especialista em Condução de Grupos (Holos – SP). Com sólida experiência, generalista, nos subsistemas de R.H, prioritariamente em Recrutamento & Seleção e Treinamento & Desenvolvimento. Consultora parceira da ZHZ Consultores.