Quando o processo seletivo não é realizado de forma criteriosa e sistemática, alguns equívocos podem levar a contratrações inadequadas:
Contratar somente através de indicação, sem processo seletivo – ela é uma ótima fonte de recrutamento, mas não deve dispensar a avaliação acurada do candidato.
Contratar com base na intuição – não devemos desconsiderar o que diz a intuição, mas dada a sua subjetividade é temerário dar a ela grande peso na hora de selecionar porque se pode incorrer em vieses.
Contratar para “ajudar” pessoa idônea – temos o ímpeto em recompensar pessoas idôneas oferecendo-lhes um emprego e ao mesmo tempo nos cercarmos delas para garantir a ética que prezamos. Porém, ser idôneo é apenas uma das características que você busca num profissional.
Contratar quem mais precisa do emprego – nos comovemos com a situação de quem passa necessidades por estar desempregado, mas essa não deve ser a premissa para dar-lhe um emprego. Procure ajudar de outra forma.
Se deixar seduzir pelo candidato – não nos referimos à sedução no sentido sexual da palavra e sim na habilidade que algumas pessoas têm de responder o que desejamos ouvir e nos impressionar com seu carisma. O fato de estar pressionado para fechar a vaga deixa o entrevistador mais vulnerável à sedução porque ele tende a dar ênfase aos pontos de concordância entre o perfil do candidato e o perfil desejado, sendo mais condescendente em relação aos pontos de discordância. Quando isso acontece, o entrevistador inexperiente tende a transparecer para o candidato que foi seduzido, seja pela atenção especial que demonstra de várias formas, seja revelando informações que normalmente não o faria, isso quando resiste ao ímpeto de fazer uma proposta salarial antes de finalizar o processo com os demais candidatos. Mesmo profissionais que já trabalham há bastante tempo com seleção são seduzidos, a diferença é que eles muitas vezes conseguem identificar o fenômeno, mesmo que posteriormente à entrevista, e buscam retomar a imparcialidade.
Contratar quem demonstra paixão pela sua empresa – “Sempre sonhei trabalhar aqui.” – essa afirmação encanta empresários, afinal ela declara a admiração pelo projeto profissional do potencial empregador que geralmente encerra uma história de dificuldades e superações, estabelecendo conexões imediatas com eles. A identificação é inevitável e costuma ser difícil para o profissional de seleção dissuadir o empresário de contratar um candidato apaixonado pela sua obra. Muito cuidado ao ouvir que o candidato sonha em trabalhar na sua empresa porque isso, na maioria das vezes, significa que ele possui uma visão idealizada dela e, quando maior a idealização, maior a decepção ao perceber que como as demais, a sua organização não é perfeita e há muito trabalho a fazer e parte dele pode ser enfadonho. Se o ramo de atividade de sua empresa atrair pelo glamour, como uma assessoria de eventos sofisticados, pela informalidade, como agência de publicidade ou pela causa, como institutos e organizações não governamentais, sugiro redobrar a sua atenção.
Observando essas dicas e dando ao processo seletivo o cuidado e importância que ele merece, é possível melhorar o nível de acerto em suas contratações e garantir o primeiro passo de relação profissional satisfatória para ambas as partes.
Por: Laisa Weber Prust
Mestre em Psicologia (UFPR); Pós-Graduada em Gestão Estratégica de Pessoas (FAE); Graduada em Psicologia (UFPR); Consultora Parceira da ZHZ Consultores.